28.6.07

Koostella - Catimba


Marcadores:

12.6.07

Diário de Viagem - Três Coroas

No ano passado fiz um retiro espiritual. Tá, foi só uma viagem turística para conhecer o Centro Budista de Três Coroas e durou apenas um dia. Mas a questão é que levei meu bloquinho e acabei, sem querer, fazendo um diário de viagem que hoje, 1 ano e quase 3 meses depois, compartilho com vocês.

Cap. 1

7:04. putaqueopariu!! Acordei no susto. Joguei algumas coisas na mochila, lavei o sovaco, escovei os dentes, peguei uma camiseta toda amassada (não tanto quanto a minha cara) e fui. Deu tempo. Agora estou de ressaca dentro do ônibus. Poltrona 19. Começo a lembrar das coisas que esqueci de trazer. Toalha, cara! Parece que não leu “O Guia do Mochileiro das Galáxias”. 7:38, o ônibus sai. Vou parar de escrever, senão minha ressaca triplicará de intensidade. Rumo à serra! Vou tentar dormir. Já aprendi uma lição nesse início de jornada: não tomar um porre antes de uma viagem. Fui dormir às 4:30, o ônibus saía às 7:30 e acordei às 7:04. Tenho duas horas para me recompor.


* * *

Cap. 2

Não foi um bom começo, mas aqui estou. A cidade é simpática, muita gente de bicicleta. Gostei disso. “moço, o sr. gosta bem doce?” “não, pode deixar que eu mesmo coloco açúcar.” A torrada está boa, mas o café está fraco.


* * *

Cap. 3

Que amadorismo! O cara do bar me disse 12Km, a velha da rodoviária disse 6Km. Digamos que seja 9 de caminhada até o templo. Morro acima. E EU NÃO COMPREI UMA GARRAFINHA D’ÁGUA. Bota amadorismo. Agora estou sentado num pedregulho, onde espero ser o meio do caminho, com a garganta seca. Mas é bom para aprender.

* * *

Cap. 4

Não agüentei, tive que pedir água numa casa. Uma casinha de madeira perdida na estrada, cercada por montanhas. As nuvens descansam no topo delas. Lá embaixo um valezinho muito verde. Seu Adão me oferece um copo d’água bem gelado. Muito sorriso e pouco dente. Gente simples e franca. Mora ali sozinho há 4 anos. O cachorro não gostou de mim. Eu também não gostei dele. Bobalhão!! Cai uma chuva fina.

* * *

Cap. 5

Quando passei pelo portão do templo (centro budista diz na placa) a chuva fina intensificou. Um sinal? Não sei. Os prédios estavam mergulhados num nevoeiro. Ainda caminhei bastante para encontrar alguém. Juliane me explicou que a recepção estava fechada para o almoço, daqui uma hora reabre, tem um vídeo explicativo. Vou esperar. Enquanto isso fui num terraço ao lado da lanchonete (que também estava fechada) e fiquei admirando a paisagem. É lindo! As montanhas, uma estradinha lá embaixo...a chuva ficou mais forte, me deixei molhar e...e me dei conta que aquela chuva era muito cheia de significados. Nada é por acaso. Ela batia na minha cara, querendo me dizer muita coisa. Na subida eu estava cheio de dúvidas, mas agora não. Sei exatamente o que quero. Olhei para o céu, a chuva molhou meu corpo, as lágrimas o meu rosto. Estou dentro do templo, tudo muito colorido e cheio de adornos. Tirei meus tênis, sentei numa almofadinha e escrevi isso. Agora vou trocar essa camiseta encharcada antes que eu fique pesteado.
* * *

Cap. 6

A chuva parou e deu uma esfriada. Ainda bem que eu trouxe um moletom. “Tu és praticante?” perguntou a mulher de roupa esquisita. Silvana o nome dela. “Não, não sou!” “O que tu estavas escrevendo?” “Uma história sobre essa viagem que estou fazendo.” “Eu posso ficar a vontade e me deitar?” perguntei. “Pode, só te peço para não colocares os pés virados para o altar, em respeito aos deuses.” Sem problema, não quero desrespeitar ninguém. Ainda mais esses deuses. Têm uns com cara de mau. Deitei e descansei. Corpo e mente.

* * *

Cap. 7

Agora a chuva voltou com tudo. Quero ver como vou fazer para ir embora, mesmo que a chuva pare a estrada vai estar pura lama. Dá-lhe lama, Dalai Lama. Me protegi na lanchonete. MAS O QUE É ISSO??!? Só Elma Chips e Coca-Cola?? Budistas de shopping center! Vão tomar nos cus!! E eu crente que iria comer comida tibetana. Santa ingenuidade. FOME!

* * *


Cap 8

Que coisa, estou no meio das nuvens. O nevoeiro tomou conta, não dá para ver muito além. O som das bandeirolas ao vento deixa a atmosfera mágica. Dei uma volta e retornei ao templo. Fiquei observando as pinturas da parede e uma em particular me chamou a atenção: um deus feiosão pisando numa mulher. Perguntei para uma monja o que aquilo significava, já imaginando que a pobre moça deveria ter deitado com os pés apontados para o altar. A monja falou que aquilo não era uma mulher. Aquela era uma representação do EU e que aquela cena mostrava o desapego aos bens materiais. Tá bom, e onde entram a Elma Chips e a Coca-Cola nessa história?


* * *

Cap 9

Bueno, hora de ir embora. Aproveitei que a chuva estava mansa e me toquei. Só tem um ônibus para Porto Alegre hoje, às 18:15. se eu perder só amanhã às 7h da matina. Mas agora é descida, bem mais fácil. Para baixo todo bodhisattva ajuda. No meio do caminho caiu um caldo, me ensopei de novo. Caso não consiga bus vou ter que procurar um hotelzin, vou tomar um banho, descansar um pouco, esperar a roupa secar e sair para comer alguma coisa.

* * *

Cap. 10

Não precisou, consegui a passagem das 18:15. Como estava cansado entrei no primeiro boteco e pedi uma janta. “Não tem” falou o seu Jorge, o dono do estabelecimento “só lanche”. Tive que pedir um X. Depois ele me disse que estava com saudade desse friozinho, que não agüentava mais o calor e me mostrou, todo orgulhoso, um frango caipira congelado de 5Kg. Achei que fosse um porco de tão grande que era o bicho. O X não estava ruim, mas quando chegar em casa quero um banho quente, uma janta decente e é claro, uma cervejinha.

Marcadores:

Questionamentos


4.6.07

Fotonovela

Taí mais um filhote da Catarse. O Jefferson e a Janaina inventaram de fazer uma fotonovela. Conseguiram realizá-la através de oficinas pelo Projeto de Descentralização da Cultura (Prefeitura de Porto Alegre) com o Clube de Mães do Cristal. Eu acabei diagramando as histórias. Aí vai uma mostra grátis.



Marcadores: